Emília Viotti da Costa nasceu em São Paulo no ano de 1928. Escreveu diversos livros de relevância para a Historiografia Brasileira. Uma de suas obras de maior destaque foi o livro Da senzala à colônia, sendo este publicado pela UNESP. Graduou-se na USP, onde também fez seu doutorado. Com a reforma universitária de 1968, sendo a autora parte de uma esquerda intelectual resistente ao golpe de 1964, foi aposentada pelo AI-5. Recebeu homenagens de Universidade e São Paulo e Yale, tomando posse do título de professora emérita.
Emília Viotti parte de uma corrente historiográfica marxista. Em seu livro da Monarquia a republica, mais precisamente no segundo capitulo discorre sobre importantes indagações acerca do movimento republicano, onde considera não só a micro, mas a macro historia como premissa básica para se ter um olhar mais amplo e adequado sobre o movimento como um todo. Considera a importância da revisão historiográfica em termos da compreensão histórica no que se refere à interpretação dos fatos que possibilitaram a queda da monarquia.
Visto que os contemporâneos que escreveram sobre a queda do regime monárquico, sejam eles defensores do império ou república, não se poderia tomar como verdade absoluta o que é relatado em seus escritos. Nas palavras de Emília, ela constata: “Cabe ao Historiador analisar os acontecimentos à luz da realidade mais ampla, tendo em mente que, se para a compreensão do comportamento individual é suficiente, às vezes, conhecer as ideias pessoais, as simpatias e as idiossincrasias de cada um, isso não basta para esclarecer a história, pois para compreendê-la, é preciso levar em consideração o processo dentro do qual se insere a ação individual.”
Se a autora, sendo ela marxista, leva evidentemente em conta a questão da modernização econômica como importante fator para a desestabilização e enfraquecimento do regime monárquico, em contrapartida não deixa de levar em conta outros fatores igualmente importantes. Procurando revisar diversos pontos de vistas, a autora não se deixa levar por suposições que chama de precipitada e afirmações que considera como parcialmente verdadeiras. No caso da abolição, por exemplo, seria um equívoco considera-la como integralmente responsável pela queda do regime imperial. Olhando de maneira mais amplificada, percebe-se que esta foi um dos fatores que contribuíram para o enfraquecimento do sistema até então vigente.
Sobre a questão que chama de mito do poder pessoal, Emília desconstrói a visão unilateral do poder incondicional do Imperador Dom Pedro II. Nem o próprio imperador se sustentaria sozinho se não levasse em consideração o papel das oligarquias presentes no Brasil Imperial. Suas alternâncias tornavam necessárias uma flexibilidade pessoal de Pedro II por mais que parecessem exclusivamente únicas o poder de suas decisões.
Emília Viotti no meu entendimento consegue no texto considerado (Da monarquia à República, CAP 2) manter o próprio princípio da dialética, considerando o materialismo histórico como um método de analise e não um modelo capaz de suprir todas as demandas sobre um evento histórico.